novembro 20, 2004

No Público de hoje...
Afastar Os Maus Professores
Dois em cada três países retratados no relatório da OCDE referem que os professores podem ser despedidos por motivos de mau desempenho persistente. No entanto, isto raramente acontece. "Como não existem critérios para medir a eficiência de um docente, não é possível identificar formalmente um professor incapaz e este mecanismo torna-se inexequível", escreve a República Eslovaca no seu relatório. Este é um problema que devia ser encarado e as escolas deviam ter a possibilidade, depois de darem a oportunidade aos professores de melhorarem, afastar aqueles que se revelassem incapaz de progredir, defende a OCDE.
Taxas de abandono preocupantes
Os valores de abandono da profissão são preocupantes já em alguns países. E não é no envelhecimento da classe que se encontram todas explicações para esta evolução. Da análise feita pela OCDE, conclui-se que é entre os mais novos que a percentagem de abandono é mais elevada. Nos Estados Unidos, por exemplo, quase um cada cinco docentes que começaram a dar aulas em 1994 abandonaram a carreira três anos depois. Se se tomar em conta que o fenómeno é mais comum em áreas ou escolas mais desfavorecidas, conclui-se que esta evolução tende a agravar as desigualdades já existentes. Preocupante também é o facto dos dados também mostrarem que são sobretudo os professores com maiores habilitações académicas e competências que mais se afastam do sistema educativo. A incidência é igualmente maior em determinadas disciplinas, como a Matemática. Motivos financeiros, familiares, insatisfação com as condições de trabalho (excesso de tarefas, "stress", constante mudanças de política), falta de reconhecimento e ausência de perspectivas de carreira são os motivos mais invocados por quem abandona.
Premiar os melhores
A atribuição de recompensas ligadas ao bom desempenho dos professores existe em poucos países e a questão mantém-se controversa. Os defensores da diferenciação salarial argumentam que é mais justo remunerar melhor quem se revela mais competente e alegam que este é um factor de motivação acrescida para os docentes, com reflexo no resultado dos alunos. Os custos da medida e a dificuldade em conceber mecanismos justos de avaliação do mérito são invocados pelos opositores. Mas existem exemplos. No Chile, foi criado o "Prémio por Excelência Pedagógica", que reconhece e premeia financeiramente professores com capacidades extraordinárias. A OCDE diz que não existem estudos conclusivos, mas que a introdução de sistemas de recompensa do mérito baseadas no grupo (distinguir uma escola, por exemplo) pode trazer bons resultados, mais do que a atribuição de prémios individuais.

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