dezembro 27, 2009

ENTRE LES MURS

A TURMA

De Laurent Cantet

Baseado num romance de François Bégaudeau

Actor principal: François Bégaudeau

França; Paris 2008

Luso-descendentes, magrebinos, franceses, malinianos, franceses das Antilhas. Apenas convergem no tempo e no espaço. A heterogeneidade racial e social está na base de todas as divergências, da insolência, do confronto e da intolerância. Estes aspectos são transversais ao filme e constituem uma das preocupações centrais do professor-protagonista que passa uma parte de cada aula a gerir conflitos. Um professor (de Francês) só. Literalmente só, no meio de tanta gente (sobretudo colegas e alunos). Privilegia o diálogo e procura permanentemente estabelecer pontes e consensos convicto que este é o procedimento certo para gerar a empatia, entre os intervenientes no processo educativo, necessária à aprendizagem.

A Turma, aquela turma, é o retrato da escola. Não existem outras turmas, nem outros conselhos de turma nem são necessários para o cerne da questão. As tensões que ocorrem n’ A Turma, são representativas e verificam-se entre alunos, entre o professor e os alunos, entre os professores e entre alguns elementos do conselho de turma (presidido pelo director da escola e que inclui os alunos-delegados de turma) e os restantes elementos do conselho disciplinar. Aliás, a questão disciplinar é dominante.

Não existe empatia entre professores e a única proposta de articulação entre professores/disciplinas é rejeitada pelo professor-protagonista. Não são conhecidos ou apresentados projectos extra-curriculares. Não ocorreu uma única visita de estudo, nem uma única ida à biblioteca. Clube de rádio? Torneios desportivos? Nada. Tudo omisso! Onde está a escola inclusiva?

Não é um filme moralista, nem pretende ser. Dentro da sua ficção emerge um realismo não gratuito que promove a reflexão do espectador. Mostra um professor empenhado, competente e com fragilidades, nunca o coloca num patamar de modelo, de referência, nem põe em causa a sua dignidade profissional. Mostra um director (representante do poder?) banana…pateta no seu cinzentismo. Mostra...

O final do filme deixa-nos a pensar…Vejam-no e, se quiserem digam-me a vossa opinião, a vossa interpretação desse diálogo final…pode ser que divirja da minha. ;)

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