setembro 14, 2005

Por imposição apressada do ministério, segunda–feira algumas turmas terão em várias disciplinas (que se esperam poucas...) aulas de apresentação com um professor-substituto. Alguns destes saberão antecipadamente o que os espera, em virtude do mapa com as horas de substituição e respectivos docentes e, também, porque alguns colegas não irão recuperar das suas maleitas a tempo de começarem as aulas a 19. Outros, porém, terão direito à surpresa! Avançarão sem rede, uns e outros.
Com o turbilhão de novidades a entrar tardiamente, em finais de Junho e em Julho, o Conselho Executivo preocupou-se, naturalmente, com a estrutura formal do edifício. Impossível agir de outro modo. Em muitas escolas no final do ano lectivo ocorreram alterações profundas em Conselhos Executivos e Pedagógicos, aos quais foi extremamente difícil o binómio digerir-agir em tempo útil.
A necessária primeira reflexão sobre o tema aulas de substituição será produzida em paralelo com ocorrência das mesmas, quando o desejável, nessa fase, seria uma avaliação das orientações definidas previamente. Vamos, portanto, agir sem que antecipada e atempadamente se tivesse pensado. Esta responsabilidade é claramente imputável ao Ministério da Educação em funções.
Creio que a primeira e, quiçá, única razão destas aulas é evitar que os alunos andem “à solta” durante 90, 180 ou 270 minutos. A manutenção dos alunos dentro das salas de aulas confere alguma segurança ás famílias relativamente ao que os alunos estão a fazer na escola, sobretudo quando têm feriado.. Existindo turmas onde se pode pensar numa ocupação sadia para alunos e professor, outras, maioritariamente, não permitem qualquer tipo de abordagem dentro de um padrão admitido por qualquer professor como estimulante do ponto de vista lúdico e/ou intelectual. Aqui resta a manutenção, com o mínimo de custos, da ordem. Terá de existir um forte compromisso entre partes contrariadas! Uns e outros gostariam certamente de estar a fazer algo mais interessante, consequentemente… O papel do professor substituto é, nesta perspectiva, algo próximo do baby-siting ou do sr. Matias vigilante. Sendo uma componente NÃO lectiva do seu horário não está obrigado a mais e mais não se lhe pode exigir.
Nós, professores, gostamos do que fazemos. Para muitos será tremendamente redutor estar perante uma turma sem produzir. Creio, no entanto, que devemos estar conscientes que, nos tempos que correm, uma visão lírica da escola tem de ser cruzada com uma perspectiva pragmática e deste cruzamento deverá estar uma nova forma de estar na escola.
A responsabilidade do ME aumentou significativamente. Não é com anunciados congelamentos de verbas para as escolas públicas nem com investimentos parcos e em regressão progressiva que se regista uma mudança efectiva.
Por falar em mudança, palavra muito cara aos sindicatos, alguém os tem visto???!

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